sábado, 19 de março de 2011

Entretanto… Alegre-mente marchamos, ao ritmo da pauta preambular constitucional, a caminho do socialismo!


Sindicalização, lucrando onde as ideias escasseiam.
                
                Fruto do sistema educativo em que a minha geração foi concebida, os pensamentos e comportamentos revolucionários parecem vincar os padrões de pensamento. O protesto pode ser projectado nas mais variadas formas e o resultado obtido será aquele cujo meio escolhido possibilitou. Toda a manifestação massificada por muita suposta reflexão que a fundamente, nunca se justificará caso não se olhe para as causas da semente desse descontentamento que coloca à deriva todo um país. Ignorar soluções enquanto se embate de fronte e incessantemente (com a cabeça na parede), contra o problema, será como comprar uma arma para dar tiros nos próprios pés.

                A palavra de ordem é, pois então, exigir… palavra escolhida pelos dirigentes sindicais para reforçar a ideia de que os seus tão protegidos trabalhadores têm uma “força” imparável contra os temíveis “patrões”(que, enfim, lhes dão emprego, mas claro, para os “tubarões sindicais” que querem é sangue, isso é algo de pouca relevância).  Exigir melhores condições, salários, bem como, mais emprego e sobretudo lutar contra a (palavra fetiche) precariedade.

O socialismo empírico português:
            
    Comecemos com a ironia das ironias, os Homens da Luta! Numa jogada que espelha a mestria no que ao Markting diz respeito, utilizando as suas personagens humorísticas, aproveitam a onda de descontentamento e sublevação para fazer “render o peixe”. Coincidência das coincidências, fazem poucos meses da entrada nas lojas do seu C.D. Qual melhor forma de publicidade gratuita que estas manifs? Apelando à revolução, à luta, ao vazio de ideias. Isto é que eu chamo artistas com olho para o negócio disfarçados de comunistas. Avante camaradas!



Esta “geração à rasca” fez reavivar as memórias e saudades nostálgicas de muito “bom” comunista de caviar, saudosista do PREC. Por ironia do destino, essa (a minha) geração sofre muito por culpa do que aí (nesse Processo Revolucionário em Curso) foi iniciado: uma autêntica caça a todos os empresários, e a construção da ideia (tão errada, injusta e hipócrita) de que todo o homem de negócios que alcança lucro e sucesso, é um “capitalista explorador do proletariado oprimido”, “um verme que absorve o suor dos seus escravos modernos”. Do testemunho que me vai sendo transmitido, e do prazer que tenho em alguns conhecer, os empresários brotavam, na sua maioria, de raízes humildes que conseguiram através do seu trabalho minucioso fazer florescer o seu negócio, dando emprego a quem o solicitava, e contribuindo outrossim para o incremento económico nacional, então em forte crescendo, abruptamente cessado pela ameaça vermelha. A mão visível da raiva socialista, acompanhada por nacionalizações cegas, manchou-se de sangue, pelas mortes a tiro de trabalhadores (uma execução digna da “liberdade soviética” em que Cunhal se inspirava) que ignoraram o chamamento da nomenklatura que então se erigia, agravando a situação de descalabro económico com a perseguição das elites empresariais, forçando a sua fuga para destinos pelos seus antepassados conquistados (na grande maioria, o Brasil) e o abandono de investimentos estrangeiros vultuosos que se deslocaram para o sul de Espanha. Viva a revolução! (Uma breve nota dirigida directamente à extrema-esquerda (BE, PCP, anarco-sindicalistas: leiam livros!)

Para esta geração escrevo… Viator mundi ou faber mundi?

Ao escolhemos o nosso caminho pelo ensino superior, optando pelo curso que mais aprouver (consoante a prestação de cada um no ensino secundário) estaremos a decidir por nós mesmos! Assumimos riscos, que variam consoante o curso e estabelecimento de ensino, que se farão sentir no futuro profissional, com as necessárias repercussões em todos os pontos sensíveis da nossa vida. Ponto certo é: o Estado não tem que garantir trabalho para todos os licenciados em ciências políticas, biologia, turismo etc… Digo mais! O Estado já garante empregos de mais (improdutivos), financiados por aqueloutros empregos (produtivos), que não dependendo dessa entidade abstracta, pesada e obsoleta, pertencem a particulares, cujos rendimentos sofrem uma genuína metamorfose, mutando-se em forma de receitas e depois finalmente no estado bruto de salário dos sobreditos.
Cabe aos particulares a parte decisiva de criação de estímulo laboral e económico. O Estado deve ao menos não atrapalhar. Na verdade, focando de novo, não conheço ninguém que queira (e que precise) realmente de emprego que não o encontre. Seja na carpintaria, num restaurante, numa loja, etc. O que me leva a pensar, compaginando-me com o mestre Friedman, de que todo o desemprego é desemprego voluntário, cabendo escolher entre o subsídio de desemprego (descaradamente alto comparativamente ao salário médio nacional) e trabalhar (ainda que não na área desejada) ou o nulo de rendimento. A precariedade não existe como a esboçam. Nos países da Europa Central e de Leste, as indemnizações por despedimentos são irrisórias, quando não inexistentes, a mobilidade laboral e social dinâmica, a tributação atraente para o investimento estrangeiro, a extrema-esquerda ausente! Curiosamente, são os países europeus que mais crescem.

Vejamos em Portugal, um dos países que menos cresce no cenário europeu:

 •  Além do 13º mês e supostamente 14º ,que note-se, representam o pagamento do dobro dos salários nos respectivos meses e por isso mesmo um somatório de custos inolvidável para os empregadores;

• acrescem as indemnizações mais caras da Europa

• onde o despedimento é dos mais difíceis (o que desmotiva o acto de empregar, tornando o empregador refém daqueles que emprega)

Acrescente-se outros motivos para a falta de emprego:

• A tributação sobre o IVA e o IRC asfixiante, acometendo o incentivo à produtividade, à industria;  afastando o investimento, a inovação;

• O crédito oneroso fruto da necessidade de financiamento do Estado, dos seus funcionários, das suas empresas, autarquias, levando os privados ao limite devido à falta de qualidade e responsabilidade de quem gere os dinheiros públicos.

• Os custos de energia elevam-se sem que o Estado intervenha na situação de monopólio que alimentou, tolerou e criou!

Queremos mais emprego? O caminho é flexibilizar, agilizar, apostar fortemente numa educação que nos prepare para trabalhar e esforçar sempre no limite (algo que não aconteceu connosco durante 12 anos de escolaridade!) e deixar os privados através da sua iniciativa criar riqueza, emprego e bem-estar, substituindo este Estado e os seus empregos para os meninos que apresentam certos cartões de militância e outros milhares para apresentar estatísticas e taxas de emprego agradáveis (tudo à custa de tributação sobre tributação).  
  
Que fique isto claro. O povo português na sua generalidade não é melhor que os seus dirigentes políticos. A mudança, para a melhoria, passa por nós mesmos. Aumentando a nossa produtividade naquilo que fazemos. Escolhendo melhor, esforçando-nos mais. Apelar às classes políticas uma mudança de paradigma, se nós somos forças de inércia é contraproducente em todos os sentidos. A mudança passa pela leitura, pela instrução autodidacta, pela literacia económico-financeira. Opinar sem base cognitiva nos assuntos é um hábito perigoso e ilusório.

Entretanto… Alegre-mente marchamos, ao ritmo da pauta preambular constitucional, a caminho do socialismo! 




Carlos M. G. Martins