quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ser! Ou parecer?

O Ministério da Cultura encontra-se ausente. Ora, em face da vasta intelectualidade portuguesa existente, lá se insurge a azia de alguns (que se dizem) cultos, cultivados pelas suas bibliotecas pessoais de prateleira vazia. Já o génio de Pessoa decompunha o fenómeno do provincianismo “civilizado” do Portugal profundo, prescrevendo como terapêutica a simples assunção da sua existência. Volvida a centúria, esse “mais do que ser, parecer” prevalece, mas ao que parece, não se conhece. Assim, fingimos (fotogenicamente) que precisamos de um Ministério, com a respectiva comitiva (ministro, assessores, secretários, motoristas e saberá o Orçamento mais o quê), exigindo-o sem querer pagar essa procissão! Reivindica-se o serviço, desdenhando-se a conta! Isto num país que pontua pelos seus índices de leitura transbordantes, que impressionam (pelo stock de livros por vender), para mais não falar de teatros que até fazem eco, de tão cheios que estão! Venha então a procissão, a doutrina e a reza dos papa-figos, esperando-se que as subvenções para financiar a oferta sem procura, resultem, logo ao nascer do sol, em um milagre fértil de cultura… podendo-se então, aproveitar o dia, todos na praia, de toalha estendida.       

Carlos M. G. Martins 





Publicado (dia 19/08/2011) no Jornal i

sexta-feira, 6 de maio de 2011

“Mercado” Eleitoral

Ninguém hesita em diagnosticar que Portugal está enfermo, porém a questão de fundo permanece em branco. Aquando de uma campanha eleitoral, quantos eleitores destrinçam o percurso (mérito e competência) tanto profissional, como académico dos potenciais deputados e membros do Governo?


A oferta apresentada ao mercado eleitoral reduz-se a um jogo onde se gladiam a retórica, a aparência, a forma. Não obstante o oligopólio partidário vigente, continua a ser a procura que determina a oferta, cabendo em último termo, ao eleitor a escolha de paradigma que molda a captação de indivíduos para os mais altos órgãos da nação. Destarte, importa reter que o (indivíduo) mediano não nos serve e com o actual arquétipo são raras as vezes em que essa barreira é ultrapassada. Assim é porquanto, em geral, somos um povo consabidamente pouco produtivo, de fraca ética e método de trabalho (os resultados económicos hodiernos assim o ditam).

    
Só os melhores interessam e à priori, não creio existir mecanismo mais eficiente para avaliar em que condições se encontra o candidato para o melhoramento do panorama global, do que acalentar o juízo de competência na gestão da sua vida académica e profissional. Assim se faz no sector privado, tornando-se imperioso o fazer no sector público! Escolheria algum daqueles candidatos para gerir a sua empresa, assuntos contabilísticos, salários? Bom, a verdade é que através de uma eleição o está a fazer.

Convido a reflectir comparando as credenciais académicas de Merkel (doutorada em física com distinção pela prestigiada Universidade de Leipzig) e Sócrates  (“licenciado” em engenharia civil pela extinta Universidade Independente). Há coisas que fazem a diferença. 
    


Carlos M. G. Martins


Publicado no Jornal de Leiria a 26 de Maio de 2011

domingo, 1 de maio de 2011

Sociedade e Cidadania... Frontalidade na franqueza ou companheirismo delirante pela fraqueza?

"Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender " por Alexandre Herculano(1810-1870)



A perspectiva do “eu”

Ignorar a crítica – enfrentá-la enquanto vidro distorcido da realidade, como estilhaços acutilantes que acometem um orgulho auto-nutrido, é um passo dado em sentido do erro (individual) histórico. Tal erro, marca pela leviandade pueril de quem olvida (ou faz-se esquecer) de que o erro é parte indispensável da aprendizagem e da estrutura-conformação da mundividência individual, como fere e corrompe o cerne do padrão comportamental, impedindo-o que (num processo que se deseja ininterrupto) desenvolva positivamente.

O prisma do “tu”

O erro, dadas as intermináveis perspectivas de interpretação de um mesmo facto, é concludentemente subjectivo. De tal forma que uma acção levada a cabo por indivíduo x, considerada errática por y, por força de alterações das circunstâncias em que este se insere, seja apontada pelo mesmo sujeito y como certeira e até mesmo aplausível.

Com efeito, para acontecimento determinado existem, ao menos duas interpretações possíveis e, as mais das vezes, a variedade de versões é incomensurável. A crítica fácil para efeitos de “formar conversa” mina as relações, a confiança e incentiva a postura de não aceitação permanente dos laivos erróneos que naturalmente envolvem o comportamento de cada um. Ponto é: julgar sem o devido distanciamento, procurando abstratizar e incorporar a acção num sistema de desenvolvimentos e factores em um ambiente condicionador, consiste na crítica fácil, estéril, inócua, que mais não faz do que proporcionar uma linha de conversação fugaz, todavia potencialmente danosa.

Voltemos ao “eu” – foquemo-nos em “nós”     

De certo que a frontalidade tem um efeito regenerador , potenciando o crescimento, desde que a crítica se mova pelo móbil de construir. Não obstante, será a medida – capacidade de encaixe no acolhimento, aceitação, e reflexão da mesma , livre de represálias ou destrinça de razões para justificar o indefensável, que determina se aquela louvável e preferível postura de frontalidade será repetida, ou por abstenções infrutíferas, ou elogio de companheirismo delirante, substituída.

Para mais, o erro tem algo de muito objectivo. Encontra-se presente em todos nós. Por conseguinte, aquando de um impulso de crítica a qualquer acto, importa indagar qual o circunstancialismo que o envolve, acercando às razões que podem ter arreigado a escolha do agente seu autor. Quiçá, aquilo que à primeira se afigurava reprovável se torne, perante factores idênticos, um procedimento perfeitamente compreensível. A tolerância, neste quadro, reconduz-se a isto mesmo.

Da frontalidade-franqueza, erradicadas as sofismas, beneficiamos todos. Viver em constante negação de evidências impede o processo de melhoramento pessoal (e inevitavelmente o enriquecer colectivo) paulatino. Tornar-se-á um “porto sem-abrigo”, um terreno fértil na multiplicação de vícios, perdendo oportunidades de recuperar e angariar virtudes.

Assim, sejamos frontalmente construtivos. Aceitemos a crítica. Seremos melhores.  

Carlos M. G. Martins

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Revolução… que não foi. A mão da História ergue o martelo da Justiça













Cumpridos trinta e sete anos da proclamada “revolução dos Cravos”, importa fazer uma brevíssima retrospectiva, olhando para o que foi feito (e especialmente desfeito). No fundo para o que é Portugal, e o que não foi, mas que porém até poderia ter sido.


O Circunstancialismo histórico:

Desmistificando o tom revolucionário que reveste esta data, avance-se que foram os militares, instigados pela polémica integração/acesso no quadro permanente do exército pelos oficiais milicianos (civis, recrutados, dotados do 12º ano de escolaridade) à revelia dos “oficiais de carreira”, bem assim, a ausência de solução política para o problema africano que não significasse a continuidade de uma guerra obsoleta (mas longe de perdida), que impulsionaram o desenvolver de todo um processo, que avançando para a criação do Movimento dos Capitães, culminou na conhecida data. Hoje (por cada vez menos) celebrada. A adesão popular após ao Golpe Militar veio simplesmente reiterar um percurso caminhado em 1926, no 28 de Maio, que desferiu o golpe final na (terrorista) I República. Aí, não só o “povo” apoiou o golpe, como fez questão de solicitá-lo. Ainda assim a história não fala (e bem!) de Revolução de 28 de Maio de 1926.

Análise objectiva da economia e finanças públicas:

O regime político não pode sustentar a sua continuidade se a “infra-estrutura” (designação de Economia para Marx) não for constantemente dando provas de desenvolvimento e melhoramento.

Vejamos quanto às finanças públicas da I República ao Estado Novo:

→ O Estado Novo herdou da I República um país financeiramente dependente, com   um  endividamento descontrolado (déjà vu).  Em 1923 a dívida pública fixava-se em 87% do PIB, que viria a reduzir-se a 33% em 1945. Em período análogo a dívida pública externa foi reduzida de 62% para 2,8% do PIB!

(E quanto à economia? )

→ Criando assim condições de crescimento sustentado da economia que em cerca de 4 décadas teria uma média de crescimento anual aproximado do PIB de 6% ao ano. Assinalem-se os anos de 1962, 1965, 1971 e 1972, com números nunca vistos, e até hoje, jamais repetidos (mesmo com as “injecções comunitárias”), de crescimento anual do PIB, em termos percentuais, na ordem dos 10%-11%!

Alguns exemplos de infra-estruturas de peso construídas durante o Estado Novo:

- Aeroporto da Portela (com projectos iniciados no final da década de 60 para a construção de um novo aeroporto);

- “Metro” de Lisboa;

- Ponte sobre o Douro;

- Ponte Sobre o Tejo (originalmente Ponte Salazar, mas como o próprio anteviu, pós-mortem denominada Ponte 25 de Abril);

- Maior e melhor Universidade (Angola/ Hospital (São Tomé) / Barragem (Moçambique) no continente africano;

- Programa amplo de reconstrução/reabilitação do património monumental português.

Muitos são os que avançam o argumento de que Salazar foi demasiadamente poupado, deixando os cofres cheios de ouro mas ao mesmo tempo o povo na miséria. Pois muito bem, imaginando que tais afirmações correspondem à verdade, aqueles que seguiram ao Estado Novo dispunham de circunstâncias de excelência para desenvolver o país, pois as condições de liquidez financeira e o impulso económico estavam no seu “prime”. Mas o que ocorreu “camaradas” foi o esvaziamento dos cofres do Estado, o enriquecimento precoce e fugaz de muitos, e o abastecimento permanente de um pequeno número de indivíduos (o mais favorecido ainda hoje discursou enquanto ex-PR).  

Foquemo-nos no actual regime:

Finanças Públicas:

Hoje, o maior endividamento desde que há registos em Portugal! Terceira “visita” a convite interno (claro!) do FMI em 37 anos!

Economia?

De 1974 a 2009, a economia portuguesa cresceu em média 2,8 % ao ano.

Convenhamos… Foram dados muitos passos, superiores àquilo que as nossas próprias pernas permitiam.

Palavras para quê? Os factos servem para ser comparados.

Liberdade
A maior (derradeira e indefensável) falha do Estado Novo foi a opção pela prevalência excessiva de uma política de segurança preventiva que limitou a liberdade da crítica e de expressão contrária. Todos conhecemos o situacionismo que rodeia a PIDE e o Tarrafal, e nenhum de nós o aplaude.
Permitam que, todavia, faça um reparo à liberdade desta nossa democracia pueril, assente em maquiavélicos maniqueísmos. O período de transição da II para a III República pautou-se por tudo menos a democracia, e a liberdade de respeitar os demais. Quantos perderam o seu emprego, foram vedados a oportunidades, viram ser retiradas suas propriedades (fruto de esforços de gerações), ou foram até mesmo exilados? Quantos de nós podemos, em 2011, demonstrar simpatias por ideias que não pertençam à linha de pensamento massificado sem esperar represálias?

Rosas do mesmo calvário
Para mais não falo da decadência do da capacidade produtiva agrícola e piscatória; das empresas que fecharam, das elites que fugiram do aclamado PREC; dos excessivos feriados, de um código laboral horripilante, da criação de um tecido empresarial do Estado extremamente corrompido, da deterioração do ensino que acometem a produtividade na Nação. Abstenho-me de mencionar sequer o percurso de descolonização (assassina) preconizada por Mário Soares e companhia. Para muitos uma figura do regime actual… Pessoalmente, um dos maiores traidores que caminharam neste rectângulo “ingovernável”.

A mão da História ergue o martelo da Justiça
Ainda será feita justiça pois a história tratará de rasgar o véu da manta marxista que cobre a educação portuguesa. Se assim for, contemplarei tal efeito com agrado. Afinal, ao que parece, desde 1974 que se confundem “heróis” com traidores. 



Carlos M. G. Martins

domingo, 17 de abril de 2011

Sociedade e Cidadania... O Mérito, parente pobre da nossa democracia, que na penúria se desvanece e pela ébria fobia das “elites” políticas perece.

O distanciamento dos capazes, com provas dadas, convictos e fundados em valores de seriedade, competência, esforço, transparência e mérito, deve-se à circunstância que reduz a política nacional a um joguete de politiquice barata manuseado por indivíduos mestres (leia-se, doutorados!) na ilusão, intriga e retórica destituída de conteúdo, inviabilizadora de caminhos exequíveis a percorrer.


Por favor acompanhe-me neste raciocínio:

A maior parte de nós prefere a mentiraa proposta descabida que todavia apraz ao ouvido, i.e., ao bolso do eleitor, do que a verdade que não convém. Com efeito, aqueloutros agentes que falam sem floreados tendenciosos, nem tão-pouco almejam um “cargo público de salvação pessoal”, salientando vicíos públicos e malefícios societários para que possam ser expurgados, são entusiástico-cirurgicamente enxovalhados, adjectivados e descredibilizados até ao dia em que a verdade inconveniente se torna demais evidente para ser ocultada com o véu da incompetência dos intocáveis políticos profissionais (prova empírica é o Dr. Medina Carreira).

Mas pense comigo:         

Sendo um particular com uma vida profissional estável e bem sucedida, por via da sua competência profissional, instigada pelo conseguimento académico meritório, irá colocar em risco tudo isto para se experimentar na vida partidária, para mudar o que considera inaceitável? Deixará o seu flanco aberto para que outros, frustrados profissional e academicamente e nos blocos partidários instalados, o ataquem apoquentados com a sua vinda, que coloca em causa a sua hegemonia?

As mais das vezes, presumo, a resposta será não.  O dia a dia o confirma.

Esta é a praxis que mina todo o Poder Executivo e Legislativo, do Estado Central às juntas de freguesia.



Note-se bem, os partidos da, até hoje, santificada “abrilada” são um ninho de ineptos (salvo pontuais honrosas excepções), pessoas que esquadrinham a auto-promoção e afirmação pela projecção que os cargos políticos, que os “poleiros” públicos proporcionam.

 O mérito não entra nas sedes partidárias, apenas a clubite cega, o favor, a cunha, o convénio por uma ajuda em troca de outro empurrão. “Gladiam-se coadjuvando-se” em busca do assalto ao poder (aos cofres do Estado, ao rendimento do contribuinte).     

As estruturas partidárias não devem ser vislumbradas como “catapultas sociais”, direccionadas por aqueles que disputam o prémio de maior bajulador ou demagogo, mas isto sim: Avenidas ao serviço público e nacional, por parte dos indivíduos que emanem potencial capacidade para a utilidade, desenvolvimento sustentado da sociedade.

Será uma falácia tremenda legitimar democraticamente, eleger em que plano for, um qualquer indivíduo que não tenha dado provas profissionais ou académicas de competência! Ademais, preferência seja dada aos laivos de brilhantismo. Ao menos deixa indicações de que geriu a sua vida particular de forma competente. De contrário, nem isso!  
A palavra de ordem tem que ser Mérito! Prova no terreno da qualidade e não atrás de um microfone prometendo, depois não cumprindo, e posteriormente desresponsabilizando.





Breve nota:

Alguns propõem a adaptação, rumo à mudança, mas apenas quando se chegar ao topo… Mas que dignidade nesse procedimento resta para depois apregoar algo que não foi praticado, com o qual, hoje, se afirma não concordar e veemente repudiar?  




Carlos M. G. Martins

sábado, 19 de março de 2011

Entretanto… Alegre-mente marchamos, ao ritmo da pauta preambular constitucional, a caminho do socialismo!


Sindicalização, lucrando onde as ideias escasseiam.
                
                Fruto do sistema educativo em que a minha geração foi concebida, os pensamentos e comportamentos revolucionários parecem vincar os padrões de pensamento. O protesto pode ser projectado nas mais variadas formas e o resultado obtido será aquele cujo meio escolhido possibilitou. Toda a manifestação massificada por muita suposta reflexão que a fundamente, nunca se justificará caso não se olhe para as causas da semente desse descontentamento que coloca à deriva todo um país. Ignorar soluções enquanto se embate de fronte e incessantemente (com a cabeça na parede), contra o problema, será como comprar uma arma para dar tiros nos próprios pés.

                A palavra de ordem é, pois então, exigir… palavra escolhida pelos dirigentes sindicais para reforçar a ideia de que os seus tão protegidos trabalhadores têm uma “força” imparável contra os temíveis “patrões”(que, enfim, lhes dão emprego, mas claro, para os “tubarões sindicais” que querem é sangue, isso é algo de pouca relevância).  Exigir melhores condições, salários, bem como, mais emprego e sobretudo lutar contra a (palavra fetiche) precariedade.

O socialismo empírico português:
            
    Comecemos com a ironia das ironias, os Homens da Luta! Numa jogada que espelha a mestria no que ao Markting diz respeito, utilizando as suas personagens humorísticas, aproveitam a onda de descontentamento e sublevação para fazer “render o peixe”. Coincidência das coincidências, fazem poucos meses da entrada nas lojas do seu C.D. Qual melhor forma de publicidade gratuita que estas manifs? Apelando à revolução, à luta, ao vazio de ideias. Isto é que eu chamo artistas com olho para o negócio disfarçados de comunistas. Avante camaradas!



Esta “geração à rasca” fez reavivar as memórias e saudades nostálgicas de muito “bom” comunista de caviar, saudosista do PREC. Por ironia do destino, essa (a minha) geração sofre muito por culpa do que aí (nesse Processo Revolucionário em Curso) foi iniciado: uma autêntica caça a todos os empresários, e a construção da ideia (tão errada, injusta e hipócrita) de que todo o homem de negócios que alcança lucro e sucesso, é um “capitalista explorador do proletariado oprimido”, “um verme que absorve o suor dos seus escravos modernos”. Do testemunho que me vai sendo transmitido, e do prazer que tenho em alguns conhecer, os empresários brotavam, na sua maioria, de raízes humildes que conseguiram através do seu trabalho minucioso fazer florescer o seu negócio, dando emprego a quem o solicitava, e contribuindo outrossim para o incremento económico nacional, então em forte crescendo, abruptamente cessado pela ameaça vermelha. A mão visível da raiva socialista, acompanhada por nacionalizações cegas, manchou-se de sangue, pelas mortes a tiro de trabalhadores (uma execução digna da “liberdade soviética” em que Cunhal se inspirava) que ignoraram o chamamento da nomenklatura que então se erigia, agravando a situação de descalabro económico com a perseguição das elites empresariais, forçando a sua fuga para destinos pelos seus antepassados conquistados (na grande maioria, o Brasil) e o abandono de investimentos estrangeiros vultuosos que se deslocaram para o sul de Espanha. Viva a revolução! (Uma breve nota dirigida directamente à extrema-esquerda (BE, PCP, anarco-sindicalistas: leiam livros!)

Para esta geração escrevo… Viator mundi ou faber mundi?

Ao escolhemos o nosso caminho pelo ensino superior, optando pelo curso que mais aprouver (consoante a prestação de cada um no ensino secundário) estaremos a decidir por nós mesmos! Assumimos riscos, que variam consoante o curso e estabelecimento de ensino, que se farão sentir no futuro profissional, com as necessárias repercussões em todos os pontos sensíveis da nossa vida. Ponto certo é: o Estado não tem que garantir trabalho para todos os licenciados em ciências políticas, biologia, turismo etc… Digo mais! O Estado já garante empregos de mais (improdutivos), financiados por aqueloutros empregos (produtivos), que não dependendo dessa entidade abstracta, pesada e obsoleta, pertencem a particulares, cujos rendimentos sofrem uma genuína metamorfose, mutando-se em forma de receitas e depois finalmente no estado bruto de salário dos sobreditos.
Cabe aos particulares a parte decisiva de criação de estímulo laboral e económico. O Estado deve ao menos não atrapalhar. Na verdade, focando de novo, não conheço ninguém que queira (e que precise) realmente de emprego que não o encontre. Seja na carpintaria, num restaurante, numa loja, etc. O que me leva a pensar, compaginando-me com o mestre Friedman, de que todo o desemprego é desemprego voluntário, cabendo escolher entre o subsídio de desemprego (descaradamente alto comparativamente ao salário médio nacional) e trabalhar (ainda que não na área desejada) ou o nulo de rendimento. A precariedade não existe como a esboçam. Nos países da Europa Central e de Leste, as indemnizações por despedimentos são irrisórias, quando não inexistentes, a mobilidade laboral e social dinâmica, a tributação atraente para o investimento estrangeiro, a extrema-esquerda ausente! Curiosamente, são os países europeus que mais crescem.

Vejamos em Portugal, um dos países que menos cresce no cenário europeu:

 •  Além do 13º mês e supostamente 14º ,que note-se, representam o pagamento do dobro dos salários nos respectivos meses e por isso mesmo um somatório de custos inolvidável para os empregadores;

• acrescem as indemnizações mais caras da Europa

• onde o despedimento é dos mais difíceis (o que desmotiva o acto de empregar, tornando o empregador refém daqueles que emprega)

Acrescente-se outros motivos para a falta de emprego:

• A tributação sobre o IVA e o IRC asfixiante, acometendo o incentivo à produtividade, à industria;  afastando o investimento, a inovação;

• O crédito oneroso fruto da necessidade de financiamento do Estado, dos seus funcionários, das suas empresas, autarquias, levando os privados ao limite devido à falta de qualidade e responsabilidade de quem gere os dinheiros públicos.

• Os custos de energia elevam-se sem que o Estado intervenha na situação de monopólio que alimentou, tolerou e criou!

Queremos mais emprego? O caminho é flexibilizar, agilizar, apostar fortemente numa educação que nos prepare para trabalhar e esforçar sempre no limite (algo que não aconteceu connosco durante 12 anos de escolaridade!) e deixar os privados através da sua iniciativa criar riqueza, emprego e bem-estar, substituindo este Estado e os seus empregos para os meninos que apresentam certos cartões de militância e outros milhares para apresentar estatísticas e taxas de emprego agradáveis (tudo à custa de tributação sobre tributação).  
  
Que fique isto claro. O povo português na sua generalidade não é melhor que os seus dirigentes políticos. A mudança, para a melhoria, passa por nós mesmos. Aumentando a nossa produtividade naquilo que fazemos. Escolhendo melhor, esforçando-nos mais. Apelar às classes políticas uma mudança de paradigma, se nós somos forças de inércia é contraproducente em todos os sentidos. A mudança passa pela leitura, pela instrução autodidacta, pela literacia económico-financeira. Opinar sem base cognitiva nos assuntos é um hábito perigoso e ilusório.

Entretanto… Alegre-mente marchamos, ao ritmo da pauta preambular constitucional, a caminho do socialismo! 




Carlos M. G. Martins