segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Revolução… que não foi. A mão da História ergue o martelo da Justiça













Cumpridos trinta e sete anos da proclamada “revolução dos Cravos”, importa fazer uma brevíssima retrospectiva, olhando para o que foi feito (e especialmente desfeito). No fundo para o que é Portugal, e o que não foi, mas que porém até poderia ter sido.


O Circunstancialismo histórico:

Desmistificando o tom revolucionário que reveste esta data, avance-se que foram os militares, instigados pela polémica integração/acesso no quadro permanente do exército pelos oficiais milicianos (civis, recrutados, dotados do 12º ano de escolaridade) à revelia dos “oficiais de carreira”, bem assim, a ausência de solução política para o problema africano que não significasse a continuidade de uma guerra obsoleta (mas longe de perdida), que impulsionaram o desenvolver de todo um processo, que avançando para a criação do Movimento dos Capitães, culminou na conhecida data. Hoje (por cada vez menos) celebrada. A adesão popular após ao Golpe Militar veio simplesmente reiterar um percurso caminhado em 1926, no 28 de Maio, que desferiu o golpe final na (terrorista) I República. Aí, não só o “povo” apoiou o golpe, como fez questão de solicitá-lo. Ainda assim a história não fala (e bem!) de Revolução de 28 de Maio de 1926.

Análise objectiva da economia e finanças públicas:

O regime político não pode sustentar a sua continuidade se a “infra-estrutura” (designação de Economia para Marx) não for constantemente dando provas de desenvolvimento e melhoramento.

Vejamos quanto às finanças públicas da I República ao Estado Novo:

→ O Estado Novo herdou da I República um país financeiramente dependente, com   um  endividamento descontrolado (déjà vu).  Em 1923 a dívida pública fixava-se em 87% do PIB, que viria a reduzir-se a 33% em 1945. Em período análogo a dívida pública externa foi reduzida de 62% para 2,8% do PIB!

(E quanto à economia? )

→ Criando assim condições de crescimento sustentado da economia que em cerca de 4 décadas teria uma média de crescimento anual aproximado do PIB de 6% ao ano. Assinalem-se os anos de 1962, 1965, 1971 e 1972, com números nunca vistos, e até hoje, jamais repetidos (mesmo com as “injecções comunitárias”), de crescimento anual do PIB, em termos percentuais, na ordem dos 10%-11%!

Alguns exemplos de infra-estruturas de peso construídas durante o Estado Novo:

- Aeroporto da Portela (com projectos iniciados no final da década de 60 para a construção de um novo aeroporto);

- “Metro” de Lisboa;

- Ponte sobre o Douro;

- Ponte Sobre o Tejo (originalmente Ponte Salazar, mas como o próprio anteviu, pós-mortem denominada Ponte 25 de Abril);

- Maior e melhor Universidade (Angola/ Hospital (São Tomé) / Barragem (Moçambique) no continente africano;

- Programa amplo de reconstrução/reabilitação do património monumental português.

Muitos são os que avançam o argumento de que Salazar foi demasiadamente poupado, deixando os cofres cheios de ouro mas ao mesmo tempo o povo na miséria. Pois muito bem, imaginando que tais afirmações correspondem à verdade, aqueles que seguiram ao Estado Novo dispunham de circunstâncias de excelência para desenvolver o país, pois as condições de liquidez financeira e o impulso económico estavam no seu “prime”. Mas o que ocorreu “camaradas” foi o esvaziamento dos cofres do Estado, o enriquecimento precoce e fugaz de muitos, e o abastecimento permanente de um pequeno número de indivíduos (o mais favorecido ainda hoje discursou enquanto ex-PR).  

Foquemo-nos no actual regime:

Finanças Públicas:

Hoje, o maior endividamento desde que há registos em Portugal! Terceira “visita” a convite interno (claro!) do FMI em 37 anos!

Economia?

De 1974 a 2009, a economia portuguesa cresceu em média 2,8 % ao ano.

Convenhamos… Foram dados muitos passos, superiores àquilo que as nossas próprias pernas permitiam.

Palavras para quê? Os factos servem para ser comparados.

Liberdade
A maior (derradeira e indefensável) falha do Estado Novo foi a opção pela prevalência excessiva de uma política de segurança preventiva que limitou a liberdade da crítica e de expressão contrária. Todos conhecemos o situacionismo que rodeia a PIDE e o Tarrafal, e nenhum de nós o aplaude.
Permitam que, todavia, faça um reparo à liberdade desta nossa democracia pueril, assente em maquiavélicos maniqueísmos. O período de transição da II para a III República pautou-se por tudo menos a democracia, e a liberdade de respeitar os demais. Quantos perderam o seu emprego, foram vedados a oportunidades, viram ser retiradas suas propriedades (fruto de esforços de gerações), ou foram até mesmo exilados? Quantos de nós podemos, em 2011, demonstrar simpatias por ideias que não pertençam à linha de pensamento massificado sem esperar represálias?

Rosas do mesmo calvário
Para mais não falo da decadência do da capacidade produtiva agrícola e piscatória; das empresas que fecharam, das elites que fugiram do aclamado PREC; dos excessivos feriados, de um código laboral horripilante, da criação de um tecido empresarial do Estado extremamente corrompido, da deterioração do ensino que acometem a produtividade na Nação. Abstenho-me de mencionar sequer o percurso de descolonização (assassina) preconizada por Mário Soares e companhia. Para muitos uma figura do regime actual… Pessoalmente, um dos maiores traidores que caminharam neste rectângulo “ingovernável”.

A mão da História ergue o martelo da Justiça
Ainda será feita justiça pois a história tratará de rasgar o véu da manta marxista que cobre a educação portuguesa. Se assim for, contemplarei tal efeito com agrado. Afinal, ao que parece, desde 1974 que se confundem “heróis” com traidores. 



Carlos M. G. Martins

1 comentário:

  1. Gostei muito deste texto, talvez um pouco duro em alguns aspectos, mas muito certo, este país não anda muito bem e algo tem que ser feito.


    António Torres

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