O Circunstancialismo histórico:
Desmistificando o tom revolucionário que reveste esta data, avance-se que foram os militares, instigados pela polémica integração/acesso no quadro permanente do exército pelos oficiais milicianos (civis, recrutados, dotados do 12º ano de escolaridade) à revelia dos “oficiais de carreira”, bem assim, a ausência de solução política para o problema africano que não significasse a continuidade de uma guerra obsoleta (mas longe de perdida), que impulsionaram o desenvolver de todo um processo, que avançando para a criação do Movimento dos Capitães, culminou na conhecida data. Hoje (por cada vez menos) celebrada. A adesão popular após ao Golpe Militar veio simplesmente reiterar um percurso caminhado em 1926, no 28 de Maio, que desferiu o golpe final na (terrorista) I República. Aí, não só o “povo” apoiou o golpe, como fez questão de solicitá-lo. Ainda assim a história não fala (e bem!) de Revolução de 28 de Maio de 1926.
Análise objectiva da economia e finanças públicas:
O regime político não pode sustentar a sua continuidade se a “infra-estrutura” (designação de Economia para Marx) não for constantemente dando provas de desenvolvimento e melhoramento.
Vejamos quanto às finanças públicas da I República ao Estado Novo:
→ O Estado Novo herdou da I República um país financeiramente dependente, com um endividamento descontrolado (déjà vu). Em 1923 a dívida pública fixava-se em 87% do PIB, que viria a reduzir-se a 33% em 1945. Em período análogo a dívida pública externa foi reduzida de 62% para 2,8% do PIB!
(E quanto à economia? )
→ Criando assim condições de crescimento sustentado da economia que em cerca de 4 décadas teria uma média de crescimento anual aproximado do PIB de 6% ao ano. Assinalem-se os anos de 1962, 1965, 1971 e 1972, com números nunca vistos, e até hoje, jamais repetidos (mesmo com as “injecções comunitárias”), de crescimento anual do PIB, em termos percentuais, na ordem dos 10%-11%!
Alguns exemplos de infra-estruturas de peso construídas durante o Estado Novo:
- Aeroporto da Portela (com projectos iniciados no final da década de 60 para a construção de um novo aeroporto);
- “Metro” de Lisboa;
- Ponte sobre o Douro;
- Ponte Sobre o Tejo (originalmente Ponte Salazar, mas como o próprio anteviu, pós-mortem denominada Ponte 25 de Abril);
- Maior e melhor Universidade (Angola/ Hospital (São Tomé) / Barragem (Moçambique) no continente africano;
- Programa amplo de reconstrução/reabilitação do património monumental português.
Muitos são os que avançam o argumento de que Salazar foi demasiadamente poupado, deixando os cofres cheios de ouro mas ao mesmo tempo o povo na miséria. Pois muito bem, imaginando que tais afirmações correspondem à verdade, aqueles que seguiram ao Estado Novo dispunham de circunstâncias de excelência para desenvolver o país, pois as condições de liquidez financeira e o impulso económico estavam no seu “prime”. Mas o que ocorreu “camaradas” foi o esvaziamento dos cofres do Estado, o enriquecimento precoce e fugaz de muitos, e o abastecimento permanente de um pequeno número de indivíduos (o mais favorecido ainda hoje discursou enquanto ex-PR).
Foquemo-nos no actual regime:
Finanças Públicas:
→ Hoje, o maior endividamento desde que há registos em Portugal! Terceira “visita” a convite interno (claro!) do FMI em 37 anos!
Economia?
→ De 1974 a 2009, a economia portuguesa cresceu em média 2,8 % ao ano.
Convenhamos… Foram dados muitos passos, superiores àquilo que as nossas próprias pernas permitiam.
Palavras para quê? Os factos servem para ser comparados.
Liberdade
A maior (derradeira e indefensável) falha do Estado Novo foi a opção pela prevalência excessiva de uma política de segurança preventiva que limitou a liberdade da crítica e de expressão contrária. Todos conhecemos o situacionismo que rodeia a PIDE e o Tarrafal, e nenhum de nós o aplaude.
Permitam que, todavia, faça um reparo à liberdade desta nossa democracia pueril, assente em maquiavélicos maniqueísmos. O período de transição da II para a III República pautou-se por tudo menos a democracia, e a liberdade de respeitar os demais. Quantos perderam o seu emprego, foram vedados a oportunidades, viram ser retiradas suas propriedades (fruto de esforços de gerações), ou foram até mesmo exilados? Quantos de nós podemos, em 2011, demonstrar simpatias por ideias que não pertençam à linha de pensamento massificado sem esperar represálias?
Rosas do mesmo calvário
Para mais não falo da decadência do da capacidade produtiva agrícola e piscatória; das empresas que fecharam, das elites que fugiram do aclamado PREC; dos excessivos feriados, de um código laboral horripilante, da criação de um tecido empresarial do Estado extremamente corrompido, da deterioração do ensino que acometem a produtividade na Nação. Abstenho-me de mencionar sequer o percurso de descolonização (assassina) preconizada por Mário Soares e companhia. Para muitos uma figura do regime actual… Pessoalmente, um dos maiores traidores que caminharam neste rectângulo “ingovernável”.
A mão da História ergue o martelo da Justiça
Ainda será feita justiça pois a história tratará de rasgar o véu da manta marxista que cobre a educação portuguesa. Se assim for, contemplarei tal efeito com agrado. Afinal, ao que parece, desde 1974 que se confundem “heróis” com traidores. Carlos M. G. Martins
Gostei muito deste texto, talvez um pouco duro em alguns aspectos, mas muito certo, este país não anda muito bem e algo tem que ser feito.
ResponderEliminarAntónio Torres