quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ser! Ou parecer?

O Ministério da Cultura encontra-se ausente. Ora, em face da vasta intelectualidade portuguesa existente, lá se insurge a azia de alguns (que se dizem) cultos, cultivados pelas suas bibliotecas pessoais de prateleira vazia. Já o génio de Pessoa decompunha o fenómeno do provincianismo “civilizado” do Portugal profundo, prescrevendo como terapêutica a simples assunção da sua existência. Volvida a centúria, esse “mais do que ser, parecer” prevalece, mas ao que parece, não se conhece. Assim, fingimos (fotogenicamente) que precisamos de um Ministério, com a respectiva comitiva (ministro, assessores, secretários, motoristas e saberá o Orçamento mais o quê), exigindo-o sem querer pagar essa procissão! Reivindica-se o serviço, desdenhando-se a conta! Isto num país que pontua pelos seus índices de leitura transbordantes, que impressionam (pelo stock de livros por vender), para mais não falar de teatros que até fazem eco, de tão cheios que estão! Venha então a procissão, a doutrina e a reza dos papa-figos, esperando-se que as subvenções para financiar a oferta sem procura, resultem, logo ao nascer do sol, em um milagre fértil de cultura… podendo-se então, aproveitar o dia, todos na praia, de toalha estendida.       

Carlos M. G. Martins 





Publicado (dia 19/08/2011) no Jornal i

2 comentários:

  1. À situaçao do Misterio Da cultura, aplica-se também a do Ministerio da Agricultura. Sou daqueles que está contra a existencia de um Ministerio da Agricultura que provoca gastos e despesas de nao sei quantos milhoes de euros, quando no final actividade agricola acaba apenas por ter um peso de 3% ou 4& do PIB portugues. É uma tristeza saber que estes ministros, montados no topo, nao sao capazes de tomarem iniciativas suficientes que vissem desenvolver as principais actividades agricolas e culturais do país. Alem disto que vivam os gastos em carros para o governo (212 mil euros entre 2009 e 2010), que vivam as bebidas e comidas caras que estes usufruem nos eventos e por ultimo que vivamos nós futuros contribuintes para os mantermos!

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  2. Dois textos publicados, bom começo =)

    António Torres

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